quarta-feira, 4 de março de 2015

ABNEGAÇÃO


(Texto-base: The Weight of Glory de C.S. Lewis, 1942)


Se você perguntar a vinte homens caridosos, hoje em dia, qual a maior das virtudes, é possível que dezenove deles responda: abrir mão dos seus desejos em prol dos de outras pessoas. Isso se chama Abnegação. Contudo, se você fizesse a mesma pergunta para os crentes da igreja primitiva, a resposta poderia ser diferente. Creio que eles responderiam: amar. Pare um pouco para raciocinar e veja que um termo positivo e lindo foi substituído, ao longo dos séculos, por um termo com certa conotação negativa.

''O ideal de Abnegação não traz consigo a ideia primária de fazer bem ao próximo, mas de não colocar suas vontades como prioritárias, como se a nossa abstinência e não o bem alheio fosse o fim principal.''

Ao longo do novo testamento, encontraremos vários versículos que falam sobre negar-se a si mesmo (Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. – Lucas 9:23), mas Jesus deixa ainda mais claro o que mais importa: “Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” – Mateus 22:36-39. Percebe a conotação diferente? É certo que um ponto está conectado ao outro, mas nem por isso Jesus deixou de clarear a ordem prioritária.


Não se deixe contaminar pelos pensamentos deste século, eles são perigosos e podem te enganar de várias formas. Quer um exemplo? Este ideal de que o cristão não pode desejar o próprio bem, ter algum prazer na sua vida é secular, propagado por Kant e os estoicos. Isto não faz parte da fé cristã! O que Deus nos revela através de Sua Palavra é que desejamos pouco e de maneira errada o nosso próprio bem. Isto porque somos seres limitados em pensamento e ações, logo não podemos sequer imaginar as benesses eternas de amar a Deus aqui nesta Terra. Assim sendo, colocamos nossos prazeres naquilo que nossos corpo e mente imaginam suportar, como bebida, comilanças, sexo e ambição por dinheiro. Somos seres facilmente seduzíveis.

''Já pensou nas bênçãos que perdemos por não amarmos a Deus? Não estou falando de coisas terrenas, é claro! A nós nos é oferecido um galardão e nós refutamos! Isso, definitivamente, é NÃO querer o próprio bem.''  

Oremos para que a nossa alegria esteja nas coisas do alto, nossos desejos sejam os da Eternidade, nossas necessidades sejam aquelas que a Palavra alimente. E, jamais esqueçamos que a mentalidade cristã prioriza o amar ao próximo ao invés do devo fazer ou deixar de fazer isto ou aquilo.


Em tom de desabafo,

Deus nos ajude.